Aéreas fecharam 2013 com perdas de R$ 2,4 bilhões
O prejuízo do ano passado é um reflexo da crise pelo qual o setor aéreo brasileiro passa desde o fim de 2011. "Os custos das companhias aéreas explodiram e comprometeram o resultado financeiro", explica o presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.
As companhias aéreas sofreram com alta do dólar e do preço do combustível nos últimos anos. Cerca de 60% dos custos delas são atrelados ao dólar, mas a maior parte da receita é em real. Entre 2012 e 2013, o dólar saltou de R$ 2,04 para R$ 2,35, alta de 15%, que pesou no bolso das empresas.
As empresas não conseguiram repassar a alta de custo aos passageiros e amargaram prejuízos bilionários a partir de 2011. Antes disso, o setor aéreo brasileiro dava lucro - em 2009, os ganhos foram de R$ 1,54 bilhão e, em 2010, de R$ 718 milhões.
As aéreas brasileiras investiram na ampliação da frota e acabaram com excesso de capacidade nos últimos dois anos. Em 2011, as empresas aéreas brasileiras voavam, em média, com 30% das poltronas vazias.
A partir deste momento, as líderes Gol e TAM mudaram de estratégia e frearam seus planos de expansão. A regra passou a ser aumentar a ocupação, priorizando a rentabilidade dos voos.
A Gol ainda fechou o ano no vermelho, com prejuízo de R$ 802 milhões (considerando a operação da Webjet), mas conseguiu reduzir as perdas pela metade em 2013, na comparação com 2012, segundo dados da Anac. A TAM viu seu prejuízo aumentar de R$ 1 315 bilhão para R$ 1,653 bilhão, de acordo com o relatório.
Já a Azul seguiu seu plano de expansão e elevou em cerca de 30% sua oferta de assentos só em 2013. A empresa fechou o ano com lucro líquido de R$ 63 milhões, segundo as informações da Anac, que consideram a integração da Trip, comprava pela empresa em 2012.
Segundo fontes de mercado, parte da rentabilidade da Azul vem de sua operação regional. A empresa voa para mais de 100 destinos e é a única opção de transporte aéreo em boa parte das suas rotas no interior.
Desafios
A indústria terá desafios para voltar ao lucro. A projeção do mercado é que o dólar feche 2014 cotado a R$ 2,40, segundo o último boletim Focus, do Banco Central. "O cenário não é bom. A demanda está andando de lado e a alta do dólar afeta negativamente as empresas", disse Sanovicz. No acumulado do ano até agosto, a demanda por passagens subiu 5,67% em relação ao mesmo período de 2013, aponta a Anac.
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