GOL seduz executivos e está a caminho de superar Ibovespa

São Paulo e Brasília - A GOL, única companhia aérea brasileira de capital aberto, está prestes a superar o Ibovespa neste ano pela primeira vez desde 2009. A empresa está seduzindo passageiros executivos para abrir uma vantagem sobre as concorrentes em meio à recessão.
Em uma era em que voar tornou-se sinônimo de taxas extras e menos espaço nas aeronaves para cada passageiro, a GOL Linhas Aéreas Inteligentes SA mantém o assento do meio vazio em alguns voos e permite que os clientes reservem voos mais cedo por telefone.
Os clientes corporativos agora respondem por 65 por cento do total da GOL, fatia maior que a de 55 por cento de dois anos atrás, disse o CEO Paulo Sérgio Kakinoff.
“Nós temos o melhor produto para viajantes executivos”, disse Kakinoff, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo, no dia 17 de outubro.
Os passageiros corporativos são prezados no setor de aviação comercial pela frequência de suas viagens e pela tendência a comprar passagens mais caras em busca de uma flexibilidade no último momento.
A concorrência por eles coloca a GOL contra a TAM, da Latam Airlines Group SA, com sede em Santiago, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA e a Avianca Brasil na maior economia da América Latina.
O yield da GOL, ou a tarifa média por quilômetro voado, subiu 17 por cento no segundo trimestre, para R$ 0,244. Conquistar mais passageiros com passagens mais caras é parte de um plano de recuperação que ajudará a companhia a retornar aos lucros em 2015 pela primeira vez desde 2010.
A projeção é que até o fim do ano que vem o lucro da GOL estará na casa de “um dígito alto”, disse o diretor financeiro da empresa, Edmar Lopes, em um evento em Nova York, em setembro.
Os investidores estão começando a apoiar a estratégia de Kakinoff: a GOL subiu 15 por cento neste ano até ontem, colocando a empresa em posição de obter seu maior ganho anual dos últimos cinco anos. O Ibovespa subiu 5,4 por cento em 2014 até o momento.
Passageiros estabilizam
As companhias aéreas do Brasil estão brigando por passageiros domésticos, que se estabilizaram após triplicarem ao longo da última década, para cerca de 90 milhões em 2013. A GOL está se concentrando nos viajantes executivos, embora o mercado para viagens de negócios esteja morno desde o fim da Copa do Mundo, em julho, e o país tenha entrado em recessão, disse Kakinoff.
A participação de viajantes executivos da GOL subiu para 31 por cento no primeiro semestre do ano, contra 30 por cento um ano antes, segundo registros da companhia.
“Nós temos a ponte aérea, que é a rota mais lucrativa do Brasil, nós temos essa classe específica com o bloqueio dos assentos do meio e temos investido para nos tornarmos líderes de mercado em soluções de TI para comodidade do cliente”, disse ele.
A ponte aérea é a rota mais movimentada do Brasil, entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
Participação de mercado
A GOL e a TAM são as maiores companhias aéreas do Brasil, com participações de mercado de 35,6 por cento e 39,2 por cento, respectivamente, até agosto, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Abear.
A GOL transportou 2,72 milhões de pessoas domesticamente em agosto, volume maior que o de 2,47 milhões do mesmo período de 2013, segundo a Abear. A TAM transportou 2,99 milhões, contra 2,91 milhões um ano antes.
Enquanto brigam no topo, GOL e TAM enfrentam uma pressão cada vez maior da Azul, a terceira maior companhia aérea do país, e da companhia de capital fechado Avianca Brasil, que deverão melhorar sua posição adicionando mais aviões e recebendo slots adicionais no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Isso pode causar um efeito negativo sobre os rendimentos de curto prazo da GOL, “relacionado especialmente ao provável desconto na tarifa introdutória”, escreveram analistas da Raymond James, liderados por Savanthi Syth, em uma nota de 15 de outubro.
A TAM não respondeu aos pedidos de comentário sobre a concorrência no Brasil e a Azul preferiu não comentar.
A Avianca Brasil também está indo atrás dos viajantes executivos e registrou um incremento na receita corporativa de passageiro por quilômetro, disse Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing da empresa, em entrevista por telefone.
A GOL, que tem sede em São Paulo, mudou seu foco da participação de mercado para a lucratividade por meio da chamada disciplina de capacidade, segundo a Raymond James. A empresa reduziu 15 por cento de seus assentos disponíveis nos três últimos anos e começou a cobrar pelos lanches e bebidas em alguns voos, disse Kakinoff.
“Nós acreditamos que as mudanças transformaram a GOL em uma empresa muito mais resiliente”, disseram os analistas da Raymond James, “e em uma empresa que geraria um forte crescimento do lucro quando o câmbio e a economia começarem a se fortalecer”.


Dado Galdieri/Bloomberg

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