Presidente da Aerolíneas admite interceder contra LAN
Mariano Recalde reconheceu que pediu à presidente Cristina Kirchner para suprimir itinerários da companhia chilena para beneficiar as operações da estatal
Buenos
Aires - O presidente da Aerolíneas Argentinas, Mariano Recalde, reconheceu que
pediu à presidente Cristina Kirchner para suprimir itinerários da LAN para
beneficiar as operações da estatal. Um vídeo divulgado pela imprensa argentina,
nesta terça-feira, 27, mostra Recalde em discurso para um grupo kirchnerista,
em que atribuiu adjetivos ofensivos a alguns políticos da oposição e relatou os
pedidos feitos à presidente para melhorar as margens de lucro da Aerolíneas
Argentinas.
No discurso, Recalde afirmou que a presidente não considerou
adequado tirar voos da LAN. "Lhe pareceu muito", disse. O vídeo veio
à tona às vésperas do fim do prazo imposto pelo governo à LAN para que desocupe
um hangar no aeroporto metropolitano Jorge Newberry, mais conhecido como
Aeroparque. No último dia 19, o Organismo Regulador do Sistema Nacional de
Aeroportos (Orsna) entregou à LAN uma notificação para deixar o hangar em 10
dias úteis, pelo qual a companhia tem um contrato de uso que expira apenas em
2023.
Sem o hangar, a
empresa alega que não poderá operar voos domésticos. A LAN possui 14 voos no
país e, desde dezembro de 2012, sofre boicotes de organismos estatais. No
vídeo, gravado em dia 5 de abril de 2010, Recalde relatou que a Aerolíneas
Argentinas enfrenta dificuldades pela concorrência da LAN e de empresas
brasileiras. Recalde também criticou o governo chileno de Sebastián Piñera.
"Levaram a
direita à Presidência do Chile. Estamos competindo com a direita pinochista
(referência ao ex-ditador Augusto Pinochet) instalada na Argentina; com
empresas brasileiras; com interesses nacionais que querem mudar o modelo do país",
reclamou Recalde. O executivo mencionou a compra de 20 aviões da Embraer para
renovar a frota da estatal, com um "preço de mercado, ou mais barato, e o
que é melhor, com financiamento do Brasil com taxa de juros de 7,3% anuais a 15
anos de prazo, um empréstimo esplêndido, inaudito", qualificou.
Também nesta
terça-feira, o presidente do Orsna, Gustavo Lipovich, afirmou que, se a LAN não
desocupar o hangar até quinta, 29, o organismo vai recorrer à Justiça. Na
segunda, 26, a
LAN apresentou uma medida de amparo legal para tentar reverter a decisão
oficial. Lipovich argumentou que há uma cláusula no contrato entre a LAN e a
Aeropuertos Argentina 2000, operadora dos aeroportos no país, que prevê o
despejo em caso de necessidade do Estado.
Comentários
Postar um comentário